terça-feira, 14 de julho de 2009

Apaixonados por motocicletas


Por dentro da alma dos homens e mulheres sobre duas rodas

Quando o assunto é amor, imediatamente lembro-me dos gregos que usavam quatro diferentes palavras para descrever este sentimento tão nobre. “Philia”, por exemplo, era a palavra usada para falar do amor entre amigos; já quando o assunto era o amor fraterno, familiar, a palavra usada era “Storgé”. Para falar do romance que une homens e mulheres a palavra empregada era “Eros” e para falar sobre o amor incondicional do supremo criador da vida, Deus, a palavra era “Ágape”. Mas, o amor que desejo abordar aqui é o amor dos motociclistas por motocicletas, então vejamos:

Constantemente ouvimos motociclistas dizerem que amam a motocicleta ou o motociclismo, são apaixonados, aficionados, loucos por motos e coisa e tal, será? O escritor Içami Tiba abordou em um de seus livros o relevante tema: quem ama educa, ou seja, quem ama se dedica, investe tempo, em suma: quem ama, cuida.

Lavar a moto, fazer manutenção preventiva, estar sempre com tudo em ordem, requer dedicação, empenho e investimento, isso é demonstração de amor pela motocicleta. Não existe amor sem sacrifício.

Mas, será que existem limites para o amor? Conheço pessoas que têm verdadeira fixação por motos, deixam de investir em uma casa própria, família e profissão, para adquirirem a moto dos sonhos. Será essa a verdadeira demonstração de amor?

O memorável músico Renato Russo usou partes de uma carta do Apóstolo Paulo sobre o amor, como letra de uma de suas músicas que fez muito sucesso, mas, é indispensável dizer que é comum as pessoas confundirem amor com paixão. A paixão é como um fogo arrasador e intenso, mas não dura muito, o amor por sua vez é racional, cauteloso e persistente.

Você realmente ama o motociclismo? Até onde vai o seu amor por sua motocicleta? Você cuida dela? Mantém limpa? Cuida para que ela esteja sempre em ordem? E em relação ao motociclismo? Até onde vai o seu amor?

Um dos meus lemas é contribuir efetivamente para a construção de um motociclismo melhor, mas, é preciso que cada motociclista faça a sua parte. Pense: você está filiado a uma entidade? Participa de ações que possam resultar em melhorias para o motociclismo?

Seja como for, há vários grupos da sociedade que se reúnem e lutam pela união e fortalecimento de sua cultura, dentre eles podemos destacar os japoneses no bairro da Liberdade, os italianos no Bairro do Bexiga, os nordestinos com o seu Centro de tradições nordestinas e os gaúchos, etc.

E nós motociclistas? Quer sejamos usuários, profissionais, militares, esportistas ou estradeiros. Onde nos reunimos? Quem nos representa? Qual é nossa cultura, e o que defendemos?

Lembro-me que há pouco tempo a Prefeitura de São Paulo anunciou que proibiria a circulação de motocicletas nas vias expressas das Marginais Pinheiros e Tietê. Através da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), nos manifestamos veementemente contrários e propusemos aos que estivessem dispostos a se sacrificarem pelo motociclismo, deveriam colocar um pano preto no guidon de sua moto e ocuparem o lugar de um carro na via, durante o seu trajeto do dia-a-dia, ainda que pra isso tivessem que acordar bem mais cedo que o habitual. Sentimos de fato que iríamos “parar” a cidade de São Paulo, mas tal medida não foi necessária, pois a Prefeitura recuou, entretanto, te pergunto: Você estaria mesmo disposto a realizar tal sacrifício pelo motociclismo?

Fonte; texto por Lucas Pimentel - Presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM). Publicado no jornal MotoVrum

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